quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A ponta do iceberg - Entenda o apagão aéreo da WEBJET e a crise de mão de obra aeronáutica no Brasil.




JB / Jorge Lourenço - Crise da Webjet expõe falta de mão de obra no setor, que deve ter mais problemas até os Jogos Olímpicos. A crise que levou a Webjet, quarta maior companhia de aviação do Brasil, a cancelar mais da metade dos seus voos desde sábado vai muito além da falta de planejamento. Com o crescimento da classe C, a rápida expansão do setor aéreo e o alto custo de formação de tripulações, as empresas de aviação sofrem com a falta de profissionais especializados no mercado. 

Segundo estudo do Conselho Consultivo de Ciências Aeronáuticas (CCCA), a média de pilotos licenciados para voar é de 373 profissionais por ano. O número é suficiente para atender a 62 novas aeronaves, número bem próximo da média de crescimento da aviação regular, que é de 60 aviões por ano, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Além de operarem no limite, as empresas aéreas tentam se adequar à maior demanda da população, cuja renda acompanha o crescimento econômico do país. Este ano, a procura por transporte aéreo doméstico aumentou 34% e a internacional 28,53%, em média. 

O que está acontecendo hoje na Webjet é algo pequeno comparado com o que está por vir com os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo criticou o diretor do Centro Educacional de Aviação do Brasil, Salmeron Cardoso. Gosto muito da Webjet, é uma excelente companhia. O problema realmente é a falta de profissionais no mercado. A questão é tão nítida para as empresas aéreas que tramita no Congresso Nacional, inclusive, um Projeto de Lei (6.716/2009), que permitirá a contratação de pilotos estrangeiros pelas empresas brasileiras. A ideia do autor da emenda, deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), é justamente impedir um apagão aéreo em 2014 e em 2016. Os pilotos, entretanto, não gostam da ideia. 

O que me preocupa é o governo aproveitar o gancho de crises como essas para permitir que pilotos estrangeiros atuem no país. O Brasil não é o país que melhor paga e pode atrair pilotos com formação limitada apontou o coordenador da Escola Superior de Aviação Civil, comandante José Roberto. Isso comprometeria a formação dos próprios brasileiros. O que deveria ser feito é buscar incentivo para as escolas e resgatar os aeroclubes. Outro impasse é o preço do curso de formação de pilotos no Brasil. Em média, o valor de todo o curso fica entre R$ 150 mil e R$ 200 mil..........



N.E: O texto acima apenas confirma o que já disse aqui neste espaço a um bom tempo atrás... As companhias aéreas do Golfo Pérsico e Sudoeste da Ásia vieram captar pilotos e tripulantes no Brasil, a cerca de 10 anos, e nada se fez para impedir a saída destes profissionais altamente qualificados, deixando uma lacuna enorme em nosso mercado, que hoje cresce exponencialmente sem oferecer condições de sustentar este crescimento. Tratamos mal nossos pilotos, deixamo-os a própria sorte em casos escabrosos como o escândalo dos Fundos de Pensões e de Aposentadorias como o "Aerus", da antiga VARIG. 

Não tratamos bem nossos pilotos no passado, e agora precisamos desesperadamente deles, além de comissários, mecânicos e demais aeronautas.

Um país no mínimo burro e sem política pública definida para o setor aéreo, esta é a realidade do setor, que cresce por conta das empresas e do público, e não por causa de investimentos ou incentivos do governo federal. Incrível, mas num mercado que movimenta bilhôes de dólares, o governo parece ser a faceta mais amadora de algo que deve ser extremamente profissional e técnico.

Roberto Caiafa, Jornalista AerospaceBrasil




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