segunda-feira, 17 de julho de 2017

Carros de Combate (MBTs) nas FFAA Brasileiras: O Poder do AÇO!



SK-105A2S do CFN - Todas as fotos por Roberto Caiafa, exceto quando citado.

O Exército Brasileiro foi a primeira força terrestre sul-americana a empregar carros de combate na forma de 12 Renault FT.17, modelo da 1ª Guerra Mundial (1914-18), logo seguido pelo italiano FIAT-Ansaldo CV 3-35, em meados dos anos de 1930 (23 exemplares).

Com o advento da 2ª Guerra Mundial, o País recebeu grande quantidade de equipamento militar norte-americano, especialmente os carros leves M3 Stuart, e os médios (para a época) M3 Lee e M4 Sherman, além do blindado de reconhecimento sobre rodas 6x6 M-8 Greyhound e o blindado leve M-4 Scout Car, nas versões sobre rodas e meia-lagarta, ambos empregados na Campanha da Itália pela Força Expedicionária Brasileira (FEB), entre 1944 e 1945.

 No pós guerra, os CC leves M-41 Walker Bulldog egressos da Guerra da Coréia tornaram-se a espinha dorsal das forças blindadas brasileiras, sendo submetidos a um extenso programa de modernização nos anos de 1990 com grande emprego de componentes da indústria brasileira, transformando-os nos M-41C Caxias mais capazes.Esses carros foram desativados nos anos 2000 e alguns sobreviventes encontram-se estocados.

O Exército Brasileiro na atualidade.

Leopard 1Be + Leopard 1A 5 BR



Carros de Combate Principais, ou MBTs, o Brasil só passou a alinhar em sua ordem de batalha em 1996 com a aquisição de 128 exemplares do KMW Leopard 1Be oriundos do Exército Belga, e logo a seguir, uma compra política, a entrega de 98 exemplares do M-60 A3 TTS dos estoques do US Army. Armados com um canhão de 105 mm, ambos utilizavam sistemas de tiro estabilizados diurno/noturno e outras capacidades tecnológicas inéditas para as tropas blindadas brasileiras.

A introdução do Leopard 1A-1(ou Leopard 1Be) no Exército Brasileiro em 1996 causou uma verdadeira revolução logística, operacional e doutrinária numa tropa que conhecia apenas carros de combate leves norte-americanos ou blindados sobre rodas VBR Cascavel e VBTP Urutu. Após 10 anos de emprego e muito atrito, restaram apenas 36 carros revisados e operacionais, empregados em três Regimentos de Cavalaria Blindada (4º, 6º e 9º RCB), com 12 Leopard 1Be cada (todos localizados na região sul do Brasil).



As dificuldades verificadas na operação e manutenção da frota, dotados com sistemas de tiro óptico da SABCA e outros equipamentos exclusivos de fabricação belga, provocou a indisponibilidade e retirada do serviço de muitos carros. Sendo assim, e comprometido em manter sua força de CC em funcionamento, o Exército Brasileiro decidiu substituí-los, aceitando o recebimento de 240 carros KMW Leopard 1 A5 BR mais modernos, oferta feita pelo Governo Alemão em 2006.

Colocados em serviço entre 2009 e 2012 após revisão completa, esses MBT incluem a versão escola, o veículo especializado oficina/socorro, e o vital carro lança pontes, mais um completo set de simuladores e sistemas de treinamento realísticos alocados a um Centro de Instrução de Blindados. O Leopard 1A 5 BR é propulsado por um motor MTU MB 838 CaM-500 de 830 hp (velocidade máxima de 65 km/h em estrada e a 30 km/h em pisos irregulares). A autonomia é de 600 km (tanque de combustível para 985 litros de diesel).



O armamento principal é o excelente canhão L-7 A3 de 105 mm e 52 calibres estabilizado (permite disparar em movimento com alta probabilidade de acerto no primeiro tiro). O carregamento é manual e o compartimento de munição tem capacidade de transportar até 55 tiros de 105 mm. O armamento secundário é composto por um par de metralhadoras em calibre 7,62X51 mm com 5500 munições divididas entre as duas (uma coaxial e outra montada acima da torre)

O controle de tiro Krupp-Atlas Elektronik EMES-18, baseado num computador de tiro desenvolvido, originalmente, para o KMW Leopard 2, é o grande diferencial do Leopard 1 A5. O sistema ainda possui, integrado, uma mira de visão térmica HZF (Hauptzielfernrohr) fabricada pela Carl Zeiss, e um telêmetro a laser. O computador de controle de fogo calcula soluções para tiro contra alvos até 4 km de distancia.

As unidades operadoras estão todas concentradas na região sul do Brasil, sendo quatro Regimentos de Carros de Combate (RCC), o 1º, 3º, 4º e 5º, com 54 CC Leopard 1 A5 BR cada. O Centro de Instrução de Blindados também dispõe de exemplares usados na formação de novas tripulações em Santa Maria (RS), ao lado do 1º RCC.

No final do primeiro trimestre de 2017, a KMW do Brasil renovou por mais 10 anos o contrato de suporte logístico da frota de CC Leopard 1 A5 BR do Exército Brasileiro, um acordo avaliado em €60 milhões (R$ 220 milhões) que inclui o uso das avançadas instalações da empresa em Santa Maria (RS) para o lançamento de um programa de modernização desses carros. Esse contrato, quando autorizado, envolverá a troca de todos os equipamentos eletrônicos de bordo (digitalização completa) e adição de blindagem modular para maior proteção. O setup de equipamentos estudados ainda é considerado classificado e não está disponível.

A realização desse upgrade também está sendo planejado para acrescentar conhecimento tecnológico e encomendas para as empresas da Base Industrial de Defesa. A frota restante de CC Leopard 1A1 (Leopard 1Be de origem belga, mais antigos) não será atualizada pois estão equipados com um sistema de estabilização desenvolvido pela SABCA, o que torna extremamente onerosa a conversão desses carros a um padrão mais atual. No entanto, os exemplares restantes foram submetidos a uma revisão completa em 2016 (Parque Regional de Manutenção 5) e encontram-se funcionais.

M60 A3 TTS



O M-60 A3 TTS (Tank Thermal Sight ou mira térmica AN/VSG-2), de 1978, é uma das últimas versões do veterano M60 Patton, o primeiro MBT norte-americano (introduzido em 1957). Foram feitas várias modificações na versão A3 TTS, como a instalação de lançadores de granadas fumígenas, telêmetro a laser AN/VVS-2 (usado pelo comandante e pelo artilheiro), computador de tiro M21 e sistema de estabilização da torre. Esse CC só deu baixa do Exército dos Estados Unidos em 1997, quando foi integralmente substituído pelo M-1 Abrams.

Os 28 M60-A3 TTS atualmente em condições operacionais, de 91 adquiridos, foram distribuídos ao 20º RCB em Campo Grande (fronteira com a Bolívia e Paraguai), mobiliando 2 esquadrões e "fechando a fronteira na região centro-oeste. Outros poucos exemplares ainda são usados no Centro de Instrução de Blindados, em Santa Maria (RS) na formação de tripulações.

Os CCs e suprimentos restantes encontram-se armazenados no 5º Parque Regional de Manutenção em Curitiba (PR). Nos planos do Exército Brasileiro, a sua modernização só depende da disponibilidade de recursos, já que existem no mercado internacional grande oferta de peças e componentes, e algumas empresas, notadamente israelenses, oferecem upgrades de grande sucesso entre operadores do modelo.



Ficha Técnica M60 A3 TTS:

Peso: 46 toneladas; comprimento: 22,79 ft (6,9 m); largura: 11,91 ft (3,6 m); altura: 10,54 ft (3,2 m)
Tripulação: 4 (comandante, motorista, artilheiro e municiador)
Armamento primário: 1 x canhão M68, de 105 (M60/A1/A3); armamento secundário: 1x metralhadora M73 (7,62 mm, coaxial) e 1x metralhadora Browning M2 .50 (antiaérea).
Motor: Continental AVDS-1790-2C diesel (750cv) com transmissão Alisson CD-850-6A,
Capacidade de combustível    1.457 litros.; Alcance Operacional: 311 milhas (501 km)
Velocidade: 48 km/h estrada e 30 km/h terreno irregular

Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil

Nessa mesma época em que o Exército escolheu seus MBT, o Corpo de Fuzileiros Navais estabelecia a criação de um Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais, baseado no Rio de Janeiro e equipado com um carro caça-tanques sobre lagartas que pudesse, entre outros requerimentos, ser transportado pela Embarcação de Desembarque de Viaturas e Materiais (EDVM) até as praias. O escolhido foi o austríaco Kourassier SK-102A2S (18 toneladas), e dezessete unidades foram entregues armadas com canhão de 105 mm (carregamento semi-automático, dois tambores com seis projéteis) e sistema de tiro dotado de visão térmica amplificada para emprego noturno, além de uma viatura especializada socorro/oficina denominada SK-105 Greif.



A torre oscilante é semelhante à usada pelo tanque leve AMX-13 francês. O comandante está sentado à esquerda da torre e o artilheiro à direita. O comandante tem sete periscópios. A visão noturna de infravermelho do comandante tem uma amplificação de x6. O artilheiro tem dois periscópios de observação, uma mira telescópica e uma escotilha.

Para engajar alvos à noite uma mira periscópica infravermelho está disponível ao comandante. Um telêmetro laser CILAS TCV 29 (que funciona em distâncias de 400 m a 9,995 m) é montado no teto da torre. O farol de infravermelho/luz branca XSW-30-U 950 W é montado sobre a esquerda da frente da placa da parte oscilante da torre. Um ventilador fixo na torre retira a fumaça quando o armamento principal ou secundário é acionado. Todas as versões do SK-105 têm um canhão de 105 mm denominado 105 G1. Após o disparo, o estojo vazio é ejetado por uma porta automática localizada na parte de trás da torre.



O Engesa EE-9 Cascavel nas FFAA brasileiras

Produzido em São José dos Campos pela Engesa, o blindado alcançou enorme sucesso internacional. Além do Brasil, onde ainda existem mais de 200 unidades em operação no Exército, distribuídos entre unidades de cavalaria ligeira (reconhecimento). O modelo também foi exportado para países como Iraque, Líbia, Colômbia, Chipre Bolívia, Equador, Paraguai, Suriname, Uruguai e Venezuela. O Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil adotou o modelo por um curto período. Na atualidade estão fora de serviço, a maioria transformados em monumentos.

Foto: AGSP/Equitron/EB

Concebido como um carro blindado de reconhecimento sobre rodas 6x6, o Cascavel pode ser considerado uma versão atualizada e revista do M-8 Greyhound norte-americano, porém equipada com um canhão CE90 de 90 mm e sistema de suspensão inovador (para a época) denominado boomerangue. Fácil de fabricar devido a sua simplicidade, foi projetado para usar componentes comerciais disponíveis na indústria automobilística como forma de baratear a sua manutenção, e exportado em grandes quantidades.

No Exército Brasileiro, após décadas de bons serviços, estão em curso programas de modernização que visam recuperar cerca de 200 carros, dando-lhes novas capacidades. O protótipo mais discutido, da empresa Equitron, é uma viatura blindada de reconhecimento (VBR) demonstradora de soluções tecnológicas que podem ser aplicadas em partes ou na sua totalidade, melhorando a operacionalidade do veículo. Esse pacote foi pensado especialmente para ser ofertado no mercado a operadores estrangeiros do Cascavel.



O EE-9U Cascavel ou MX-8 é equipado com um motor MTU/Mercedes eletrônico de 300 cv (220 kW) com sobrealimentação mediante turbocompressor e intercooler. A suspensão boomerang recebeu melhorias no rendimento, o sistema de freio de disco é completamente novo e o desenho dos gases de escape do motor também, expulsando o ar para cima e não para trás, assim reduzindo a assinatura térmica do carro. O modelo  proporciona um moderno sistema de ar condicionado para a tripulação, e integra visão noturna para o motorista e comandante atirador (sistema de tiro).



A torre recebeu o sistema eletro-hidráulico de rotação e elevação do tubo (back-up por sistema manual) similar ao que é utilizado no tanque Leopard da alemã KMW, além de também receber os sistemas de telêmetro laser, térmico e infravermelho da holandesa Orlaco, selecionados pelo comandante e/ou atirador através de um joystick e teclas associadas, e aumento da capacidade de munição na torre. Na parte externa, foram instalados dois lançadores de mísseis anti-tanque (ATGM), dimensionados para receber sistemas do tipo MSS-1.2 (integrando o telêmetro laser do veículo) ou o Attaka russo / Spike israelense (com sistema autônomo de aquisição e guiagem de alvos).



Os rádios digitais, da Harris (Falcon III), utilizam interface fornecida pelos intercomunicadores Thales SOTAS para comunicações, uma capacidade análoga a dos VBTP-MR 6x6 Guarani, que empregam os mesmos implementos. O canhão CE90 calça munições nacionais da Engepron e CBC, incluindo projéteis penetradores de blindagem e ogivas de alto teor explosivo com cargas simples e duplas (em tandem).

Ficha Técnica EE-9 Cascavel padrão:

Peso: 12 toneladas
Comprimento: 6,29 m (20 ft 8 in); Largura: 2,59 m (8 ft 6 in); Altura: 2,60 m (8 ft 6 in)
Tripulação: 3 (comandante, motorista, artilheiro)
Motor: Detroit Diesel 6V-53N 5,2 ml (0 00 020 in) de 6 cilindros refrigerado a água, 212 cv (158 kW) a 2,800 rpm
Suspensão: Tração 6X6 Boomerang
Capacidade de combustível: 360 litros; Alcance Operacional: 750 km; Velocidade: 100 kmh



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